EBD Pecc 4° Trimestre De 2022 | Tema: MARCOS – O Evangelho do Servo Jesus
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Marcos 15 há 47 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Marcos 15.22-47 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Olá, professor(a)! Trataremos do sacrifício perfeito do Senhor e dos episódios que o antecedem. Jesus silencia diante das acusações porque sabia que precisava destruir a serpente, como prometido (Gn 3.15).
Para cumprir o que o Pai determinou, ele suportou um açoite brutal, submeteu-se ao escárnio de torturadores e acusadores e à morte mais indigna imposta pelos romanos. Cada detalhe do sacrifício de Jesus deve estar vivo na nossa memória para que saibamos quanto ele é Santo e quanto somos indignos. Fomos justificados com sangue para que o véu do lugar santo se abrisse e pudéssemos ter acesso a Deus. O mínimo a fazer é testemunhar a misericórdia e o amor que recebemos para nossa salvação.
OBJETIVOS
PARA COMEÇAR A AULA
Professor(a), um tema importante a ser discutido nesta lição é a infalibilidade do sacrifício de Cristo. Nenhum de nós deve cultivar a vaidade de acreditar que há algo a ser feito. Somos discípulos de Jesus e, como tais, precisamos compreender que o nosso Senhor cumpriu, por amor, o que estava determinado em nosso favor. Tudo que precisamos é crer, servir aos irmãos como ele nos serviu e confessá-lo como Salvador. Jesus nos abriu passagem de volta para casa; o guia para o caminho é o Evangelho.
LEITURA ADICIONAL
“… vemos Jesus sendo alvo de zombarias, enquanto morria, como se fosse algum impostor, como se não fosse capaz de salvar a si mesmo. Mas por que isso lhe sucedeu? A fim de que nós, em nossos últimos momentos de vida, mediante a fé em Cristo, tenhamos forte consolação. Todas essas coisas aconteceram a Cristo a fim de que desfrutássemos uma inabalável segurança, sabendo em quem temos crido e podendo descer ao vale da sombra da morte sem temer mal algum.
Deixemos essa passagem com um profundo senso de dívida que todos os crentes têm para com Cristo. Tudo que os crentes são, têm e esperam deve-se à vida e à morte do Filho de Deus. Por meio da condenação dele, os crentes têm absolvição; por meio de seus sofrimentos, eles desfrutam paz; por meio do opróbrio que ele sofreu, eles irão à glória; e, mediante a sua morte, eles receberam vida. Os pecados deles foram lançados na conta de Cristo. A retidão dele lhes foi imputada. (…)
Deixemos essa passagem com o mais profundo senso do indizível amor de Cristo por nossas almas. Lembremos aquilo que somos: corruptos, vis e miseráveis. Recordemos quem é o Senhor Jesus: o eterno Filho de Deus, o Criador de todas as coisas. Então, não esqueçamos que foi por nossa causa que Jesus suportou, voluntariamente, a mais dolorosa, horrível e desgraçada morte.
Certamente, quando pensamos nesse amor, isso deveria constranger-nos a viver diariamente não para nós mesmos, mas para Cristo. Isso deveria tornar-nos dispostos e desejosos de apresentar nossos corpos como um sacrifício vivo àquele que viveu e morreu por nós (2Co 5.14; Rm 12.1).
Que a cruz de Cristo esteja sempre em nossas mentes! Corretamente compreendido, é possível que nenhum outro assunto, em todo o cristianismo, tenha um efeito tão santificador e consolador para nossas almas”. Livro: Meditações no Evangelho de Marcos (RYLE, John Charles. 2. ed., São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2018, p. 288).
TEXTO ÁUREO
“O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.” Mc 15.39
LEITURA BÍBLICA PARA ESTUDO
VERDADE PRÁTICA
O propósito divino de salvação se cumpre na morte de Jesus. A fé no Servo Sofredor é garantia de vida eterna.
INTRODUÇÃO
I- JULGAMENTO Mc 15.1-20
1– Pilatos enrascado Mc 15.1
2– Barrabás solto Mc 15.15
3– Soldados cruéis Mc 15.19
II- CRUCIFICAÇÃO Mc 15.21-32
1– Rumo ao Gólgota Mc 15.22
2– Sofrimento horripilante Mc 15.24
3– Insultos e escárnios Mc 15.30
III- MORTE Mc 15.33-47
1- Trevas Mc 15.33
2– Jesus expira Mc 15.37
3– Sepultamento Mc 15.46
APLICAÇÃO PESSOAL
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda – Marcos 15.5
Terça – Marcos 15.14
Quarta – Marcos 15.28
Quinta – Marcos 15.34
Sexta – Marcos 15.38
Sábado – Marcos 15.39
Hinos da Harpa: 291 – 191
INTRODUÇÃO
Jesus segue firme em seu propósito de ser “obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). Neste capítulo 15, Marcos relata a submissão de Jesus à cruel engrenagem de perseguição romana: da astuta sentença de Pôncio Pilatos, passando pelas mãos de soldados abusivos, até chegar à selvageria da morte por crucificação.
I- JULGAMENTO (Mc 15.1-20)
1- Pilatos enrascado (Mc 15.1) E amarrando a Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
Cedo da manhã, encerrada a reunião do Sinédrio, os líderes judaicos entregam Jesus a Pôncio Pilatos (v. 1), governador romano da Judeia. O Sinédrio não tinha autoridade para aplicar pena de morte (Jo 18.31). No tribunal judaico, o Servo sofrera acusação religiosa (blasfêmia – Mc 14.64). Agora, sofrerá acusação política: sedição e traição contra o império romano (Lc 23.2).
Pilatos fica maravilhado com o silêncio de Jesus diante de seus acusadores (v. 4-5; Is 53.7) e intui a verdadeira razão do alvoroço – inveja (v. 10) –, declarando sua percepção inicial de inocência de Jesus (Lc 23.14). Todavia, falta-lhe coragem para manter sua decisão. Político sagaz, percebe um potencial de rebelião no conflito (Mt 27.24). Depois de frustrada tentativa de transferir sua responsabilidade para Herodes (Lc 23.6-12), Pilatos se convence de que terá que julgar essa complicadíssima causa.
2- Barrabás solto (Mc 15.15) Então, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.
Pilatos vê uma oportunidade de transferir novamente suas responsabilidades, inclusive com ganhos políticos junto à multidão, aplicando o costume da época. Ele propôs ao povo a libertação de um preso: Jesus ou Barrabás, este um assassino e revolucionário (v. 6-7). Pilatos tinha autoridade para perdoar qualquer criminoso. A estratégia não vinga: apesar de sugestionar, insistentemente, o nome de Jesus (v. 9; Lc 23.20), o povo segue a orientação das autoridades religiosas judaicas e escolhe Barrabás (v. 11).
Preocupado com um repentino e intrigante alerta de sua esposa (Mt 27.19), Pilatos continua a insistir na absolvição de Jesus (Lc 23.22), todavia o povo já se agitava, gritando pela crucificação do Servo (v. 13-14). Desejando evitar rebelião, Pilatos lava suas mãos, astutamente, e entrega Jesus à multidão para morte de cruz, com açoitamento prévio (v. 15; Mt 27.24-26).
3- Soldados cruéis (Mc 15.19) Davam-lhe na cabeça com um caniço, cuspiam nele e, pondo-se de joelhos, o adoravam.
Um severo açoitamento costumava preceder a crucificação. O criminoso era despido e amarrado a um poste para ser flagelado com chicotes de couro com pedaços afiados de ferro e ossos costurados em suas tiras. O açoitamento lacerava a pele e arrancava pedaços, abrindo feridas profundas que, não raro, expunham ossos e entranhas. Os golpes eram tão brutais que alguns prisioneiros morriam antes de chegar à cruz.
Mas o açoitamento de Jesus tem acréscimos pavorosos: sua notória fragilidade física, o incomum alvoroço social e os especiais componentes políticos e religiosos do caso instigam a cultura abusiva dos soldados romanos. De fato, ao colocarem-lhe, jocosamente, veste de púrpura e coroa de espinhos (púrpura e coroa são típicos símbolos de realeza), os soldados zombam dele como rei dos judeus (v. 17-18). Ao golpearem sua cabeça com um caniço, cuspirem-no e ajoelharem- -se para “adorá-lo”, escarnecem de Jesus como Filho de Deus (v. 19).
Esse chocante sofrimento fora predito com detalhes pelo profeta Isaías (50.6 e 53.7) e pelo próprio Jesus (Mc 10.33-34). O propósito do Servo está se cumprindo com perfeição (Mc 10.45).
II- CRUCIFICAÇÃO (Mc 15.21-32)
1- Rumo ao Gólgota (Mc 15.22) E levaram Jesus para o Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
O lugar da crucificação era o Gólgota (“caveira”, em hebraico) (v. 22), fora dos muros da cidade (Lv 24.14; Hb 13.12-13). A crucificação era um aterrorizante espetáculo público: o condenado era obrigado a carregar sua cruz (ou, mais comumente, a barra horizontal) até o local da execução. Não espanta, porém, que tenham faltado forças para Jesus cumprir essa penosa tarefa: havia sido surrado e humilhado, impiedosamente, já por duas vezes (v. 17- 20; Mc 14.65).
Simão, da cidade de Cirene (norte da África), foi obrigado pelos soldados romanos a carregar- -lhe a cruz (v. 21). Oficiais romanos podiam impor a qualquer cidadão que lhes prestasse serviços, o que desagradava aos judeus (Mt 5.41). Os leitores de Marcos provavelmente conheciam os filhos de Simão Cireneu, Alexandre e Rufo (v. 21), pois este último integrava a igreja de Roma (Rm 16.13).
2- Sofrimento horripilante (Mc 15.24) Então, o crucificaram e repartiram entre si as vestes dele, lançando- -lhes sorte, para ver o que levaria cada um.
A crucificação é uma das formas mais abomináveis de execução já criadas pelo homem. Remonta aos medos e persas, no século 7 a.C., mas essa prática se espalhou pelo leste do Mediterrâneo no século 4 a.C., por meio de Alexandre, o Grande. O império romano a adotou como forma dominante de execução até 337 d.C., quando foi proibida por Constantino. Na crucificação, a morte era lenta, dolorosa e humilhante.
Chegando ao local da execução, o sentenciado era deitado de costas no chão, seus braços eram esticados e depois amarrados ou pregados à barra horizontal. No caso de Jesus, grossos cravos atravessaram-lhe os ossos das mãos ou pulsos (Jo 20.25-27; Cl 2.14). Em seguida, a barra era levantada junto com o crucificado e presa ao poste vertical, já fixado ao solo. Por vezes despido, o condenado permanecia exposto ao público em infindável vergonha e com dores lancinantes, emitindo gemidos tenebrosos.
Enquanto estendia os braços e puxava as pernas para respirar, sofria incontáveis ataques agudos, desmaiando em exaustão. Alguns sobreviviam por dias, sujeitando-se a sol e chuva, calor e frio; não raro, corvos e cães devoravam o corpo antes mesmo do falecimento. Para evitar morte rápida por asfixia, comumente um suporte para os pés ou um assento era colocado no poste vertical. A morte acontecia pela perda expressiva de sangue, asfixia por exaustão, desidratação crônica ou por parada cardíaca – ou uma combinação dessas causas.
3- Insultos e escárnios (Mc 15.30) Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!
Segundo Marcos, Jesus foi crucificado à hora terceira (v. 25), ou seja, às 9h da manhã. Os judeus calculavam as horas das seis da manhã às seis da tarde. Contrariando as autoridades judaicas, Pilatos colocou na placa de acusação de Jesus: “O Rei dos Judeus” (v. 26) – em hebraico, latim e grego (Jo 19.19-22). Era comum pessoas oferecerem ao condenado substâncias narcóticas que ajudavam a minorar a dor (Pv 31.6). Jesus recusou essa oferta (v. 23).
Desejava manter-se plenamente sóbrio no cumprimento de sua missão de beber o cálice da ira de Deus (Mc 10.38 e 14.36). Os quatro Evangelhos registram que os soldados romanos dividiram entre si as roupas de Jesus (v. 24; Mt 27.35; Lc 23.34; Jo 19.23- 24), dando cumprimento à profecia (Sl 22.18). A crucificação entre dois criminosos também é cumprimento profético (v. 27-28; Is 53.12), bem como transeuntes meneando a cabeça (v. 29; Lm 2.15). Interessante: em geral, ao retratar o sofrimento de Jesus, Marcos enfatiza mais a ridicularização que seu sofrimento físico.
Aqui, todos escarnecem do Servo: transeuntes (v. 29-30), principais sacerdotes e escribas (v. 31) e mesmo quem com ele fora crucificado (v. 32). Escarnecem também quanto a tudo: como Profeta (v. 29), como Salvador (v. 31) e como Rei (v. 32).
III- MORTE (Mc 15.33-47)
1- Trevas (Mc 15.33) Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona.
Todos os nossos pecados estavam sobre os ombros de Jesus naquela cruz (1Pe 2.24), gerando forçosa separação com Deus (Is 59.1), a verdadeira fonte de luz e vida (Sl 36.9). O próprio sol ocultou sua face. Por isso, em pleno meio-dia (“hora sexta”), miraculosa escuridão cobriu a terra, fenômeno que durou três horas (v. 33). Ao fim desse tempo (“hora nona”), Jesus angustiou-se, pois vivenciava o momento mais aflitivo de sua caminhada: o afastamento do Pai (v. 34; Sl 22.1).
As trevas cobriram não apenas a terra, mas também o coração do povo (v. 35-36). Certamente, alguns judeus lembraram da primeira Páscoa: a nona praga do Egito foi uma escuridão total que durou três dias, seguida da última praga: morte dos primogênitos (Êx 10.22; 11.9). A escuridão no Calvário anunciava que o Filho Primogênito de Deus estava prestes a entregar sua vida pelos pecados do mundo (Mc 1.11; Cl 1.15-18).
2- Jesus expira (Mc 15.37) Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. Marcos trata da morte de Jesus com impressionante simplicidade (v. 37).
A morte do Autor da vida (At 3.15) veio de forma repentina, por volta das três da tarde (“hora nona” – v. 34), ou seja, hora em que a oferta regular do final da tarde era oferecida no Templo. Pilatos admirou-se pela rapidez da morte de Jesus (v. 44) – talvez pela severidade dos açoites que recebeu. A morte do Servo não representou um fim trágico. Pelo contrário, trata-se do retumbar triunfante de uma nova história para a humanidade, já que, com sua morte, o Filho de Deus abriu um novo e vivo caminho de acesso ao Pai (Hb 10.19-20), pondo fim ao antigo sistema sacrificial (Lv 1–7).
Para demonstrar essa realidade, o próprio Deus rasga o véu do Templo em duas partes, do céu para a terra (“de alto a baixo” – v. 38). Marcos registra outro exemplo prático desse novo tempo espiritual: um centurião (oficial romano responsável por cem soldados) reconhece, publicamente, que aquele homem morto e desfigurado, pendurado em uma cruz, era o Filho de Deus (v. 39). Tamanha confissão indica que, por revelação divina, foi-lhe descortinada ao coração a fé salvífica em Jesus (Mt 16.17; Ef 2.8).
Uma fé viva e sincera, a mesma que inspirava corajosas mulheres a continuar seguindo ao Servo (v. 40-41). Judeus e gentios, homens e mulheres, libertos e escravos: todos poderão agora estar reunidos na mesma fé em Cristo (Gl 3.28).
3- Sepultamento (Mc 15.46) Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara e o depositou em um túmulo que tinha sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do túmulo.
O sábado começaria com o pôr do sol, poucas horas depois da morte de Jesus, quando não se poderia realizar trabalho (Êx 31.15). No caso, esse seria um sábado especial, por causa da Páscoa (Jo 19.31). Era importante, pois, que o local fosse liberado rapidamente. Eram comuns negativas de sepultamento a crucificados. Em regra, seus corpos eram lançados em campos abertos para cães e abutres ou jogados em grandes lixões.
Era preciso muita coragem para pedir ao governador o corpo de um homem executado como inimigo de Roma. Mesmo assim, ousadamente, José de Arimatéia, sujeito rico e influente, membro do Sinédrio e seguidor secreto do Servo, conseguiu audiência com Pilatos fora do horário de expediente e obteve autorização para remover o corpo de Jesus. Com a ajuda de Nicodemos, sepultou-o a tempo e com dignidade (v. 42-46; Mt 27.57- 60; Jo 19.38-42). Mais uma profecia se cumpre (Is 53.9).
APLICAÇÃO PESSOAL
Jesus sofreu uma morte dolorosa e humilhante para que pudéssemos ter vida em abundância. Portanto, cumpre-nos viver para Cristo, que nos amou e a si mesmo se entregou por nós.
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