SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Marcos 10 há 52 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Marcos 10.23-45 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Olá, professor(a)! Nas próximas páginas, Jesus nos orientará sobre situações complexas da vida humana, ajudando-nos a viver segundo os princípios da Sua mensagem. O Messias falou sobre casamento e sobre os homens de coração duro; sobre a necessidade de sermos crianças em relação ao Reino e a de resistirmos à cobiça.
Discípulos fiéis vivem voltados exclusivamente para o Mestre, pois ele é o caminho da salvação. Por falar em caminho, o jovem rico não seguiu aquele que o Senhor lhe apresentou, mas o próprio Jesus seguiu, humildemente, para a cruz. Nos nossos dias, pregações triunfalistas ensinam que riquezas são sinal de bênção, mas é preciso cuidar para que o dinheiro não nos escravize.
OBJETIVOS
PARA COMEÇAR A AULA
Professor, aplique os ensinamentos de Jesus aos tempos de hoje, mas com o cuidado para não se afastar do contexto bíblico. Não estaríamos fascinados pelas posições que ocupamos na congregação, como os discípulos estavam (Mc 10. 35-37)?
E se o cantor precisasse deixar o microfone para assumir a portaria? E se a líder dos casais tivesse que deixar o cargo para assumir a limpeza do templo? A lógica do Reino é oposta a este mundo: quanto mais servimos com desprendimento, mais honra receberemos.
LEITURA ADICIONAL
“Qual a sua atitude em relação a dinheiro? Não é coincidência o fato de que, para cada vez que Jesus alerta sobre construirmos nossa vida com base em sexo e romance, ele alerta dez vezes sobre o perigo de fazermos o mesmo em relação ao dinheiro. O dinheiro sempre tem sido visto como um dos salvadores mais comuns.
A possibilidade de frequentar restaurantes badalados, de comprar coisas novas e interessantes, de transitar em círculos profissionais ou de amizade – todas essas coisas provavelmente são mais importantes para você do que percebe. Mas como saber que o dinheiro para você é mais do que apenas dinheiro? Seguem algumas dicas. Você é incapaz de abrir mão de quantias significativas de dinheiro. Sente-se atemorizado diante da perspectiva de ter menos dinheiro do que está acostumado.
Repara em pessoas que estão sendo mais bem-sucedidas que você, muito embora você tenha trabalhado mais ou seja um ser humano melhor do que elas, e o sucesso delas aborrece você. Quando isso acontecer, você já está com um pé na armadilha. Pois o dinheiro não se tornou apenas uma ferramenta; agora é uma medida de sucesso. É a sua essência, a sua identidade. (…) Por que o coração de Jesus de repente se encheu de amor por aquele homem? (…) Será que Jesus o amou pelo potencial que via no jovem para ser um líder?
Ou foi por causa do que o jovem lhe disse? Não, acredito que não foi por isso. Jesus, que nessa época tinha cerca de trinta e um anos, olha para aquele jovem e se identifica com ele. Jesus também era um jovem rico, bem mais rico do que aquele jovem poderia imaginar. Ele havia vivido na dimensão incompreensível de glória, riqueza, amor e alegria da Trindade, por toda a eternidade. Mas já tinha deixado essa riqueza para trás.
Paulo nos diz que, embora Jesus fosse rico, ele se fez pobre por nós (2Co 8.9). (…) ‘Estou abrindo mão de absolutamente tudo. Por quê? Por você. Agora é a sua vez de abrir mão de tudo para me seguir (…) Não estou pedindo que você faça nada mais do que eu mesmo já fiz’.
(…) A única maneira que conheço de lutar contra o poder que o dinheiro tem na sua vida é olhando para o maior dos jovens ricos, o maior de todos, que abriu mão de absolutamente tudo o que tinha para vir até você, para salvá-lo e amá-lo”. Livro: A cruz do Rei (KELLER, Timothy. Tradução de Marisa Lopes. São Paulo: Vida Nova, 2012, pp. 162-164).
TEXTO ÁUREO
“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mc 10.45
LEITURA BÍBLICA PARA ESTUDO
VERDADE PRÁTICA
Somos salvos para servir a Jesus e ao próximo.
INTRODUÇÃO
I- FAMÍLIA E DIVÓRCIO Mc 10.1-12
1- Armadilha maldosa Mc 10.2
2– Aula profunda Mc 10.7
3– Coração endurecido Mc 10.9
II- CRIANÇAS E RICOS Mc 10.13-31
1- Indignação de Jesus Mc 10.14
2– Riquezas e autojustiça Mc 10.20
3– Amor ao dinheiro e encorajamento Mc 10.27
III- O MAIOR É O QUE SERVE Mc 10.32-52
1- Exemplo de humildade Mc 10.32
2– Ânsia pelo poder Mc 10.37
3– Modelo de discípulo Mc 10.52
APLICAÇÃO PESSOAL
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda – Marcos 10.5
Terça – Marcos 10.8
Quarta – Marcos 10.15
Quinta – Marcos 10.28
Sexta – Marcos 10.30
Sábado – Marcos 10.43
Hinos da Harpa: 156 – 147
INTRODUÇÃO
À medida que se aproxima de Jerusalém, em sua solene marcha rumo ao Gólgota, o Servo prossegue seu ministério, pondo-se a revelar diretrizes do Reino de Deus aplicáveis a temas práticos da complexa realidade humana: divórcio, crianças, posses e ambição. Para tanto, Jesus enfrenta cada situação valendo-se de sua incomparável sabedoria.
I- FAMÍLIA E DIVÓRCIO (Mc 10.1-12)
1- Armadilha maldosa (Mc 10.2) …É lícito ao marido repudiar sua mulher?
Os fariseus voltam a armar ciladas contra Jesus. Desta feita, abordam o polêmico tema do divórcio: “É lícito ao marido repudiar sua mulher?” (Mc 10.2). Mateus revela que o questionamento continha ardiloso detalhe: “É lícito ao marido repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19.3). Se afirmativa a resposta, Jesus seria acusado de afrouxar a lei mosaica. Se negativa, de afrontá-la.
Naquela ocasião, Jesus estava na Pereia, território também governado por Herodes Antipas, o mesmo que mandara prender e degolar João Batista por ter denunciado seu divórcio e novo casamento como ilegais (Mc 6.17- 28). Portanto, o sórdido propósito dos fariseus era colocar Jesus em situação difícil, tanto em termos religiosos quanto políticos.
2- Aula profunda (Mc 10.7) Deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher].
Os inquiridores desejavam debater filigranas interpretativas da lei mosaica a respeito do divórcio, mais precisamente em relação à expressão “coisa indecente” (Dt 24.1), objeto, à época, de intensa controvérsia entre duas escolas rabínicas: a escola de Shammai (mais rigorosa) e a escola de Hillel (mais permissiva – ao que parece, influente entre os contemporâneos de Jesus [Mt 19.3] e mesmo entre alguns dos discípulos [Mt 19.10]).
Jesus responde à pergunta capciosa dos fariseus com outra: “O que Moisés disse na lei a respeito do divórcio?” (v. 3). Neste primeiro momento, a sábia intenção do Mestre era estabelecer uma base correta para o debate: a Palavra de Deus (Sl 119.105). Ao responderem que Moisés havia “permitido” o divórcio, Jesus avança em sua estratégia: proferir uma profunda aula sobre casamento. Para tanto, remete a atenção de seus ouvintes para a vontade originária de Deus, fazendo-os recordar que o casamento deve ser monogâmico (único cônjuge), monossomático (uma só carne) e indissolúvel (toda a vida) (v. 6-9).
3- Coração endurecido (Mc 10.9) Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.
Agora, Jesus estava pronto para seu terceiro passo argumentativo em resposta aos fariseus: discorrer sobre natureza, causa e ocorrência prática do divórcio. A respeito da natureza, deixou claro que Deus instituiu o casamento (Gn 2.24), não o divórcio. O matrimônio é digno de especial honra (Hb 13.4), porém o divórcio, obra humana (v. 9), é odiado pelo Senhor (Ml 2.16).
Quanto à sua causa, o Servo explicou que o divórcio é fruto da necessidade de regulamentação de práticas não ideais que, por causa da dureza do coração humano (v. 5; Mt 19.8), precisaram ser justificadas.
Por fim, transcendendo as discussões legalistas entre as duas escolas rabínicas, Jesus atinge o âmago da questão: o divórcio, embora legítimo em remotas hipóteses (Mt 19.9; 1Co 7.15), não é desejável nem obrigatório, mas meramente permitido (v. 5) – tão-só para os casos onde o poder do perdão não encontrou solo fértil para florescer (Os 1–3; 1Co 13.1-8). Enfim, aos olhos de Deus, o casamento é uma aliança para a vida toda (v. 9).
II- CRIANÇAS E RICOS (Mc 10.13-31)
1- Indignação de Jesus (Mc 10.14) Deixai vir a mim os pequeninos…
Crianças são bênção, não peso ou maldição (Sl 127.3-5). Nada obstante, os discípulos repreenderam pessoas que traziam crianças para que Jesus as tocasse (v. 13). Talvez imaginassem estar ajudando Jesus a não desperdiçar tempo e energia. A verdade, porém, é que não deram importância às crianças, demonstrando, de novo, insensibilidade e desobediência, uma vez que o Servo já havia reiterado a lição de valorizá-las (Mc 9.36-37).
A reação de Jesus foi de forte reprovação (v. 14a), sendo essa a única passagem dos evangelhos em que se diz que Jesus ficou “indignado” (do grego aganaktein, “ficar com raiva”). A seguir, disse que deixassem ir até ele os pequeninos, “porque dos tais é o reino de Deus” (v. 14b). E prosseguiu: “Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele” (v. 15). Por fim, não apenas as tocou, como as tomou nos braços, impôs-lhes as mãos e as abençoou (v. 15).
Não se trata de qualquer virtude própria às crianças (pureza, inocência ou espontaneidade). Jesus não nos acolhe em razão de nossas qualidades ou méritos (Ef 2.8-9). Eis a sabedoria: a criança é totalmente dependente; recebe tudo como aqueles que não têm crédito, nem reivindicações. Como destaca James Edwards, as criancinhas são modelo no Reino de Deus, pois só mãos vazias podem ser enchidas.
2- Riquezas e autojustiça (Mc 10.20) …Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude.
Um homem rico (v. 22) é importante (Lc 18.18) está em busca espiritual e, literalmente, lança-se aos pés de Jesus. “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (v. 17b). Inquirido sobre os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17), não hesitou em afirmar cumpri-los desde a juventude (v. 20). Ingênua resposta: quando aplicada corretamente, a lei não gera certificados de autojustiça; antes, denuncia nosso incontornável fracasso em cumprir os preceitos divinos (Rm 3.19-20), conscientizando-nos da urgente necessidade de Cristo (Gl 3.24).
Jesus fitou-o com amor – exclusividade da narrativa de Marcos (v. 21). O Servo contemplou a alma daquele homem com grande interesse e especial compaixão e, sabiamente, cumprindo o papel da lei e fazendo-se ele próprio de espelho, oportunizou ao jovem uma segunda chance para contemplar as mazelas do próprio coração. “Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me” (v. 21).
Noutros termos: “Imagine a sua vida sem todo o dinheiro e patrimônio que possui e tendo somente a mim. Conseguiria viver assim?”. Lamentavelmente, o jovem “retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades” (v. 22). O sacrifício requerido por Jesus foi tido por ele como demasiado alto (Gn 22). Afinal, seu coração já tinha um deus: o dinheiro. Ele não estava disposto a perder a vida, em Cristo, para poder salvá-la (Mc 8.35).
3- Amor ao dinheiro e encorajamento (Mc 10.27) Jesus, porém, fitando neles o olhar, disse: Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.
O episódio do jovem rico deixou os discípulos perplexos. “Então, quem pode ser salvo?” (v. 26). Afinal, riqueza era comumente considerada sinal da aprovação divina (Jó 1.10; Is 3.10). Mas Jesus acabara de desconstruir essa cultura simplista ao destacar que a riqueza material pode dificultar (v. 23) e até impedir o exercício da fé (v. 25). Não que a riqueza material seja um mal em si. Jesus foi muito claro: “Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!” (v. 24). Logo, pecado não é ser rico, mas confiar nas riquezas.
O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro (1Tm 6.10). Por fim, Jesus encorajou os discípulos com mais três significativas lições: a) salvação não é obra humana, mas divina (v. 27; Jo 3.5-8); b) qualquer renúncia do cristão nesta vida será abundantemente recompensada, tanto aqui quanto na vida eterna (v. 29-30); c) aparências enganam: humildes e desprezados terão prioridade (v. 31; 1Co 1.26-29). De alguma forma, o jovem rico foi exemplo para cada uma delas.
III- O MAIOR É O QUE SERVE (Mc 10.32-52)
1- Exemplo de humildade (Mc 10.32) Estavam de caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante dos seus discípulos. Estes se admiravam e o seguiam tomados de apreensões. E Jesus, tornando a levar à parte os doze, passou a revelar-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir…
Jesus, pela terceira e última vez, prediz sua morte e ressurreição (Mc 8.31; 9.31; 10.33-34). Agora, a revelação é mais detalhada: Jerusalém será o palco desses eventos. Na subida para a cidade santa, em direção à cruz, Jesus não estava atrás, como um prisioneiro que se dirige à forca; antes, “ia à frente” (v. 32), como um comandante rumo ao triunfo.
Por puro amor, humilhou-se, fazendo-se figura humana e assumindo a forma de servo a fim de morrer na cruz por amor a cada um de nós (Fp 2.5-11). Esse exemplo de humilhação não está perdido na narrativa, como aparenta ao olho apressado. Essa verdade serve de lição para as duas pontas da narrativa: o relato anterior, como exemplo de despojamento que deveria ter sido seguido pelo jovem rico (v. 22); o relato seguinte, como padrão de humildade que deveria nortear o coração de seus apóstolos (v. 37 e 45).
2- Ânsia pelo poder (Mc 10.37) Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda.
Os discípulos pareciam acreditar que Jesus estabeleceria o Reino messiânico assim que chegasse em Jerusalém (At. 1.6). No caminho (v. 32), Tiago e João, dois de seus discípulos mais próximos, revelam o desejo egoísta de ocupar postos de destaque no Reino vindouro (v. 35-37). Mais uma vez, os discípulos fracassam ao buscar grandeza ao invés de serviço. Misturaram adoração e discipulado com anseio por posição e prestígio. Nem imaginavam que, em breve, dois bandidos ladeariam a Jesus, cada qual com sua cruz (Mc 15.27).
Jesus questiona: “Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado?” (v. 38). Os discípulos não discernem a admoestação e pioram as coisas: “Podemos” – entendem “cálice” como taça de ouro da realeza e “batismo” como unção para cargo elevado. Todavia, Jesus empregou esses termos em sentido oposto: “cálice” como sofrimento/morte (Mc 14.36) e “batismo” no sentido de julgamento divino (Is 30.28). Mesmo assim, o Mestre anuncia que Tiago e João experimentarão essa realidade (v. 39b).
De fato, Tiago será o primeiro apóstolo a ser martirizado (At 12.2) e João será exilado em Patmos (Ap 1.9). O pedido gera indignação entre os discípulos (v. 41). Mas Jesus, paciente e sabiamente, reitera o conteúdo de lições espirituais anteriores: a virtude suprema do Reino de Deus é o serviço ao próximo (v. 43-44; Mc 9.35) e o exemplo perfeito desse serviço é dado pelo próprio Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (v. 45; Is 53.10).
3- Modelo de discípulo (Mc 10.52) … e seguia a Jesus estrada fora.
Para fechar, o Espírito Santo, pela instrumentalidade de Marcos (2Pe 1.21), oferece-nos um modelo humano de discípulo: Bartimeu. Embora desejasse chegar a Jerusalém, Jesus atendeu a esse insistente cego mendigo (v. 46), que, apesar de suas limitações e oposições, acreditava que as misericórdias de Deus estavam abundantemente derramadas em Jesus (v. 47- 48). Para a mesma pergunta feita a Tiago e João (v. 36), ao invés de pedir fama, Bartimeu professa sua vigorosa fé no Servo (v. 51).
Logo que curado, Bartimeu deixa seu lugar “à beira do caminho” (v. 46) e passa a seguir a Jesus em direção a Jerusalém (v. 52). Eis a sabedoria divina em sua manifestação sintética final, neste capítulo: a essência do discipulado está em crer em Jesus e segui-lo, inclusive em seu glorioso caminho de sofrimento (v. 33- 34). Jesus vai à nossa frente (v. 32); cabe-nos segui-lo, como fez Bartimeu (v. 52; Hb 12.2).
APLICAÇÃO PESSOAL
Atentemos para que nossas famílias, posses e pretensões do coração sejam em tudo santificadas, espelhando as sábias lições de Jesus. Afinal, devemos viver de acordo com os padrões do Reino de Deus, não com os do mundo.
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