MARCOS 4: As Parábolas do Servo | 4° Trimestre De 2022 | EBD – Revista PECC
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Marcos 4 há 41 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Marcos 4.3-34 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Olá, professor(a)! Nesta lição vemos a variedade do ministério do Servo. Entre leituras feitas nas sinagogas e curas diversas, há tempo para contar parábolas que ensinam os propósitos do Reino de Deus. A imagem do mundo rural – o semeador e a germinação – mostram o cuidado de fazer com que todos tomem para si aquelas verdades eternas. A candeia, que representa a manifestação clara do Reino de Deus na pessoa de Jesus, mostra que se fosse trazida à luz toda a verdade sobre o Reino, muitos poderiam acolher a mensagem em seus corações fazendo-a frutificar a cem por um. Essas e outras imagens – como a do grão de mostarda – mostram a beleza e a força transformadora da boa-nova que veio aos homens.
OBJETIVOS
Compreender que a obediência – acolher a semente da boa-nova – gera frutos espirituais.
Proclamar ao mundo que Jesus é a salvação revelada.
Assimilar que a soberania de Jesus garante a expansão do Seu Reino.
PARA COMEÇAR A AULA
Para introduzir esta lição, podemos continuar com as imagens rurais que Jesus usou. Cabe a cada um de nós priorizar o Evangelho e retirar das nossas vidas pedras e espinhos. Vale lembrar que o Reino de Deus será implantado soberanamente, pois é semente de
crescimento infalível. O mesmo que plantou também colherá; não há tempestade capaz de impedi-lo, pois Ele é o Messias. O Reino manifesto em Jesus alcançará todo o mundo. Quanto a nós, somos convidados a cooperar.
LEITURA ADICIONAL
“Um semeador que está lançando sementes não é apenas uma imagem familiar da vida agrícola diária; é uma imagem de Deus semeando Israel novamente em sua própria terra, depois de longos anos no exílio; de Deus restaurando a sorte de seu povo, tornando a fazenda familiar frutífera novamente, depois de os espinhos e cardos terem nascido e crescido por tanto tempo. (…) O problema é que as pessoas estavam esperando um grande momento de renovação. Elas acreditavam que Israel iria resgatar seu destino como um todo; o reino de Deus eclodiria sobre o palco do mundo em um arroubo de glória. Não, declara Jesus: é mais como um semeador lançando a semente, que, em grande parte, aparentemente, se perde, pois o solo não é apropriado para ela e não consegue mantê-la.
(…) algumas pessoas se aproximavam, enquanto outras ficavam à distância. (…) Algumas ouvem e esquecem; outras ficam entusiasmadas, porém por pouco tempo; outras têm outras coisas em suas mentes e em seus corações. Sim, há algumas frutíferas, muito frutíferas (qualquer agricultor estaria contente com uma safra cem vezes maior); mas Jesus está fazendo uma advertência codificada de que pertencer ao reino não é algo automático. O reino está chegando, mas não da maneira como eles haviam imaginado. Tudo o que Jesus faz cria uma divisão dentro de Israel em seus dias. As parábolas não somente explicam isso, como também são parte do processo. (…) Jesus não quer que todos recebam a mensagem? Sim e não. O que ele está dizendo é tão explosivo que não pode ser dito diretamente, bem no meio da rua”.
Livro: Marcos para todos (WRIGHT, N. T. Tradução de Jorge Camargo. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020, pp. 64-66).
TEXTO ÁUREO
“Os que foram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta, a sessenta e a cem por um.” Mc 4.28
Leitura Bíblica Para Estudo
Marcos 4.3-34
VERDADE PRÁTICA
Fomos chamados para frutificar abundantemente no Reino de Deus.
INTRODUÇÃO
I- A PARÁBOLA DO SEMEADOR Mc 4.3-20
1- Sua importância Mc 4.13
2– Seu tema central Mc 4.4
3– A dinâmica do Reino de Deus Mc 4.20
II- MAIS PARÁBOLAS DO REINO Mc 4.21-34
1– Parábola da candeia Mc 4.22
2– Parábola da semente que cresce automaticamente Mc 4.27
3– Parábola do grão de mostarda Mc 4.31
III- UMA AULA PRÁTICA Mc 4.35-41
1- O cenário da aula Mc 4.35
2– A confiança de Jesus Mc 4.38
3– O poder de Jesus Mc 4.39
APLICAÇÃO PESSOAL
Devocional Diário
Segunda – Marcos 4.8
Terça – Marcos 4.15
Quarta – Marcos 4.17
Quinta – Marcos 4.21
Sexta – Marcos 4.37
Sábado – Marcos 4.40
Hinos da Harpa: 224 – 578
INTRODUÇÃO
Marcos é um evangelho de ação. Contém poucas parábolas. Apenas seis, das quais quatro estão neste capítulo. As outras duas são: a parábola dos lavradores maus (12.1-12) e a parábola da figueira que brota (13.28-37). A parábola da semente que cresce automaticamente (4.26-29) é exclusiva do evangelho de Marcos.
I- A PARÁBOLA DO SEMEADOR (Mc 4.3-20)
1- Sua importância (Mc 4.13). Então, lhes perguntou: Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? Jesus usava parábolas não porque desejava ocultar a verdade ou negar salvação a quem quer que seja (1Tm 2.4).
O problema é o coração humano (Pv 4.23; Jr 17.8). A chave para acessar o significado das parábolas está em ter um coração aberto, humilde e sensível (Mt 13.14-15; Mc 4.11-12). A parábola do semeador é uma das mais conhecidas parábolas de Jesus. Além de estar retratada nos três evangelhos sinóticos (Mt 13.3-8; Mc 4.3-8; Lc 8.5-8), foi considerada pelo próprio Senhor como chave de compreensão para qualquer outra parábola (v. 13), na medida em que revela, com impressionante simplicidade, a terrível problemática do coração humano e a especial dinâmica do Reino de Deus.
2- Seu tema central (Mc 4.4). E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
Nesta parábola, o solo representa o coração humano. A parábola do semeador ajudou os discípulos a entender o porquê de Jesus não se impressionar com multidões: a grande maioria de seus componentes representa solo improdutivo, ou seja, corações inapropriados ao cultivo da boa semente. De fato, muitos que ouvem a Jesus têm corações insensíveis (solo endurecido: bastante pisado pelos homens, porque “à beira do caminho” – v. 4). Movidos por outros interesses, são indiferentes ou mesmo resistentes à Palavra. Por isso, Satanás retira-lhes com facilidade a semente (v. 15).
Outros possuem corações superficiais (solo pedregoso – v. 5). Até recebem alegremente a Palavra, mas tudo não passa de ligeira experiência emocional. Logo com as primeiras aflições e angústias, decepcionam-se com a vida cristã e desistem da fé (v. 17). Há ainda os portadores de corações divididos (solo espinhoso – v. 7), ou seja, recebem a Palavra com alegria e até se firmam na fé, porém preocupações mundanas disputam ferozmente pela atenção de seu coração (riqueza, poder, fama etc.), impedindo a geração de frutos (v. 19).
Mas, felizmente, sempre há também corações acolhedores (solo fértil – v. 8). Servos corajosos e frutíferos, que amam ao Senhor de todo o seu coração. Esses triunfam sobre o diabo, a carne e o mundo – os três grandes inimigos do coração humano revelados ao longo da parábola.
3- A dinâmica do Reino de Deus (Mc 4.20). Os que foram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta, a sessenta e a cem por um.
Para o observador superficial, a parábola em estudo pode ser desestimulante. O semeador parece distraído: desperdiça sementes em locais não promissores. A semente parece frágil: depende de condições perfeitas de semeadura. O solo parece improdutivo: apenas 25% do terreno é verdadeiramente cultivável. A parábola insinua ação humana um tanto desordenada, até displicente, em meio a um cenário altamente adverso. Tudo sinalizando para uma colheita desastrosa. Recorde-se que muitos tinham expectativas culturais e espirituais equivocadas a respeito do Messias: aguardavam um rei conquistador, forte e poderoso, que, comandando ação militar arrasadora, enfim libertasse o povo judeu da opressão romana.
A parábola do semeador serviu como ferramenta pedagógica para corrigir expectativas irreais. Apesar das circunstâncias desencorajadoras, a colheita é impressionante, frutificando “a cem por um” (v. 20), ou seja, uma colheita sobrenatural. Assim, a parábola revela a especial dinâmica do Reino de Deus em Jesus: começo humilde, mas garantia de frutos miraculosamente desproporcionais para as circunstâncias da semeadura e os méritos humanos.
II- MAIS PARÁBOLAS DO REINO (Mc 4.21-34)
1- Parábola da candeia (Mc 4.22). Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser revelado. “Candeia” era um pequeno vaso de barro com óleo e um pavio, servindo como espécie de lamparina.
Seu lugar era onde melhor irradiasse luz no ambiente. Não fazia sentido, portanto, colocar a lâmpada debaixo da cama ou do “alqueire” (cesta grande usada para medir cereais), abafando a sua luz. Antes, convinha que se colocasse no “velador”, suporte em que se punha a lamparina para melhor iluminar o ambiente. Ora, toda verdade será revelada (v. 22). E as verdades do Reino de Deus, outrora ocultas (v. 11- 12), agora estavam sendo enfim reveladas em Cristo (Hb 1.1-2). “Atentai no que ouvi. Com a medida com que tiverdes medido vos medirão também, e ainda se vos acrescentará” (v. 24) é um provérbio popular judaico derivado do comércio que aponta para a ideia de transação justa.
Aqui, significa que ouvir atentamente ao ensino de Cristo gerará recompensas (Hb 11.6). Entretanto, para aqueles que não respondam em reciprocidade, “até o que tem lhe será tirado” (v. 25). Com isso, Jesus fazia severas críticas, em especial aos judeus da época, sobretudo aos líderes religiosos, que estavam escondendo a luz da Palavra de Deus debaixo de uma grossa camada de religiosidade externa, tradições humanas e busca por glória própria.
2- Parábola da semente que cresce automaticamente (Mc 4.27). Depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como.
Parábola exclusiva do evangelho de Marcos. Em certo sentido, dá prosseguimento à parábola do semeador: mesmo no caso dos corações acolhedores (solo fértil), gerar frutos envolve um processo misterioso (Jo 3.8). A parábola da semente aponta também para a inevitabilidade da vinda do Reino. O semeador semeia e depois só lhe cabe observar o natural desenvolvimento da semente na terra. R. N. Champlin afirma que nada pode resistir para sempre à força da semente, já que sua eficácia é assegurada pelo senhorio de Deus – e nesse poder os discípulos poderiam depender serenamente. Esta parábola acalma discípulos ansiosos, especialmente os que desejam praticar medidas mais agressivas e imediatas para estabelecer o Reino.
3- Parábola do grão de mostarda (Mc 4.31). É como um grão de mostarda que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra. A semente da mostarda é minúscula.
Na cultura da época, sua invocação era um conhecido provérbio para destacar tudo o que era muito pequeno (Mt 17.20). Contudo, seu arbusto pode chegar de três a quatro metros de altura, proporcionando providencial refrigério às aves do céu (v. 32). Jesus faz desse dito proverbial uma bela ilustração do mundo espiritual, descortinando a ideia do alcance abrangente de seu Reino, onde mesmo os gentios encontrarão descanso (Gn 12.3; Jr 17.23).
Também há nítido contraste entre a singeleza da semeadura e a grandiosidade da colheita. Importante perceber que, na parábola do semeador, a ênfase está na responsabilidade humana (cultivar um coração acolhedor); já na parábola da semente que cresce em segredo, a ênfase recai na soberania divina. Agora, Jesus revela que, havendo santa cooperação entre esses dois agentes, o que parece insignificante resulta em bênção abundante.
III- UMA AULA PRÁTICA (Mc 4.35-41)
1- O cenário da aula (Mc 4.35). Naquele dia, sendo já tarde, disse- -lhes Jesus: Passemos para a outra margem.
É hora de uma rica aplicação prática. Marcos capricha: em comparação com Mateus (8.23-27) e Lucas (8.22-25), seu relato do grande temporal no Mar da Galileia é o mais rico em detalhes: menciona, entre outros pontos, a hora do dia (v. 35), a presença de outros barcos que o seguiam (v. 36) e o fato de Jesus dormir sobre um travesseiro (v. 38). O chamado Mar da Galileia é, na verdade, um grande lago de água doce com uma extensão de 166 km². Sua superfície está muito abaixo do nível do mar, em uma bacia cercada por montes e montanhas bastante íngremes. Quase 50 km a nordeste está o monte Hermon, a 2.804 metros acima do nível do mar. O contato do ar frio do alto com o ar quente que sobe do lago faz com que até hoje seja comum na região a ocorrência de fortes tempestades.
2- A confiança de Jesus (Mc 4.38). E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos?
A presença de outros barcos demonstra que o clima parecia tranquilo para a navegação. Todavia, Marcos reporta o abrupto advento de um “grande temporal de vento”, com fortes ondas açoitando impiedosamente o barco (v. 37). Pescadores experientes percebem que a situação fugira do controle (v. 37). O que parecia ser só mais um costumeiro problema climático ganha ares de incomum dramaticidade. Só uma intervenção divina os salvaria da tragédia que se anunciava.
A aflição dos discípulos contrasta com a tranquilidade de Jesus. Ironicamente, a única vez em que vemos o Servo dormindo nos evangelhos é durante uma assustadora tempestade. A cena confere vida às recentes lições teóricas: como o homem que jogou a semente no solo e depois adormeceu tranquilamente (v. 26-27), Jesus descansa confiante que Deus cuidará dele e da semente que plantara. Não sem razão: Jesus estava cumprindo a vontade do Pai (Mc 1.38-39). Ele não era um Jonas, fugindo da ordem divina (Jn 1.10,15).
3- O poder de Jesus (Mc 4.39). E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança.
Jesus é despertado não pela fúria da natureza, mas pelo sarcasmo humano (v. 38). O Servo volta-se para o vento e o mar e, com autoridade, repreende-os. O Criador bradou com a sua criatura (Gn 1.3). Não poderia ser diferente: obediência imediata (v. 39). Os discípulos entram em um novo e mais profundo estado de assombro: o terror em relação ao que Jesus fez supera o terror inicial causado pela força da tempestade. “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (v. 41).
A lição chega ao seu momento mais importante: as narrativas parabólicas e a experiência prática deixam evidente que Jesus é o Messias. Ele faz coisas que só Deus pode fazer. O perigo maior para o ser humano não é a fúria do mar ao seu redor, mas a incredulidade em seu interior (v. 40). Aprendemos que o descanso não vem da calmaria, mas da confiança. Quem confia descansa, mesmo nas piores tempestades.
APLICAÇÃO PESSOAL
Nada impedirá a implantação do Reino de Deus. Em situações desesperadoras, é essencial manter a fé em Jesus e seguir dando frutos para o Seu Reino.
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